segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

ANSIEDADE

O telefone não toca.
A campainha
continua muda.
Estou a esperar
para a conversa
que teríamos de ter
há anos.
Não tivemos.
Adiamos.
Adiamos.
Crise sobre crise.
O caminho, sempre,
contornado,
nunca acertado,
discutido,
verbalizado.
A campainha
dá o sinal.
Abro a porta.
É você.
E sem nada dizermos,
entreolhamo-nos,
com olhos marejados d’água.
E sem uma palavra ser dita,
resolvemos
que aquela é a hora
do nosso tudo findar.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 17/12/2007

Código do texto: T782096

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