terça-feira, 23 de outubro de 2007

ESTIGMA

Vejo marcas
por todos os lados.
No quintal,
na casa,
no quarto,
em você.
Percorro o teu corpo
a procurar pelos sinais,
para averiguar
se a mim pertencem,
se foram deixados por mim.
Engano.

O que pensar?
O que dizer?
O que fazer?
Fingir que não vi?
Gritar, esbravejar, brigar?
Não.

Cena muda.
O melhor
é manter-me calmo, anestesiado,
com os olhos fechados,
a boca calada,
as pernas e as mãos atadas.
Quieto.

E fingir.
Fingir, sim.
Que as marcas
foram feitas por mim.
Pelo furor
de uma intensa noite
do nosso amor.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 23/10/2007

Código do texto: T705950

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