terça-feira, 13 de novembro de 2007

NADA















Título: Céu
http://www.papel-de-parede.com/papel-de-parede/2806-ceu.html

Vento.
Ventania.
Tempo.
Temporal.
Eu e você.
Escapando de nossas vidas.
Passado.
Um a procura do outro,
buscando o improvável.
Não o impossível.
Tangível?
Eu e você
Pelas estradas,
trilhando um caminho.
Um caminho com ida.
Mão única.
Sem saída?
Eu e você.
Para trás,
não olharemos.
Ou nos transformaremos:
estátuas de sal.
Eu e você.
Andemos depressa.
O presente nos chama.
Para onde?
Para que lugar?
Por quê?
Eu e você.
Fujamos.
O futuro espera.
Nos espera.
Ali na frente.
Na curva de uma estrada.
Na curva de um rio.
Como uma serpente pronta para o bote.
Eu e você.
Perdidos.
No passado.
No presente.
No futuro.
No nunca.
Em busca do nada.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 05/10/2007
Código do texto: T681372

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DESVARIO















Título: Loucura loucura loucura
http://www.flickr.com/photos/foganhole/148260260/

Quem é você que tem o poder de me ferir?
Quem é você que gosta de me humilhar?
Que direito lhe dou para assim agir?
Não me pertence mais.
Não te pertenço mais.
Não a quero a me rodear.
A me usurpar:
os sentimentos,
o ninho,
a luz,
o sol,
a noite,
a escuridão.
Quero arrancá-la de dentro de mim.
Das minhas veias.
Do meu sangue.
Do meu peito.
Dos meus olhos.
Impossível?
Trocarei de nome.
Sangrarei meu peito.
Arrancarei meus olhos.
Tornar-me-ei invisível.
Inútil.
Você está arraigada no meu passado.
Nos meus sonhos de menino.
De adulto.
Nas minhas lutas.
Fracassos.
Conquistas.
Esperanças.
Sofrimentos.
Decepções.
Não tem jeito: sem solução.
Desvario esse meu:
conseguir esquecer você.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 02/10/2007
Código do texto: T677315

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DIA BRANCO














Título: Solidão
http://www.flickr.com/photos/rfpaes/279823779/

Dia em que sumi.
Tranquei-me por dentro.
Hibernei.
Nem aqui estive.
Não os visitei.
Dia que fiquei fora.
Fora de mim.
Do meu controle.
Pensamentos esparsos.
Fuga espessa.
Ações: inércia.
Viajei pra longe,
tão longe do que se possa pensar.
Fui procurar-me no vago,
no vazio.
No distante.
Não me encontrei.
Voltei.
Ainda meio tonto.
Lúcido.
Quiçá, faltando pedaços.
Porém,
pronto para ficar.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 09/10/2007
Código do texto: T686701

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CRIME DELICADO




















Título: Beija-Flor
http://www.flickr.com/photos/79671868@N00/433439250/

Crime delicado.
Cometerei agora.
Homenagem,
meio capenga,
meio sem jeito,
à nossa união.
União estável, duradoura.
Anunciada pelos anjos do apocalipse
aos quatro ventos.
Fincada.
Fortaleza.
Carma.
Rompe laços.
Quebra barreiras.
Infringe Leis.
Queda homens: corações.
Leva susto: se espanta.
Suporta.
Agüenta.
É real.
Pesada.
Cansativa.
Feia.
Bonita.
Linda.
Leve.
Una.
Única.
Igual a todas,
sem tirar, nem pôr.
Fere como espada em riste:
ungüento.
Dói como a dor do parto que não deu luz:
união.
Corrói como o tempo:
sofrimento, ranhuras, perdão.
Vive.
Palpita.
Existe.
Apaixona.
Aprisiona.
Resiste.
Insiste.
Pura.
Invejável.
Firme.
Confiante.
Belamente encantadora.
Fruto maduro.
Proibido.
Nosso grande Amor.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2007
Código do texto: T684610

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MÃO ÚNICA















Título: Mão Única
http://www.flickr.com/photos/innoart/4173536/

Não me amas
a minha maneira.
Nem eu a tua.
A tua é possessiva.
Doentia. Agressiva.
Me irrita. Me maltrata.
A minha é introspectiva.
Sagaz. Dissimulada.
Não te satisfaz. Maltrata.
Vivemos essa ambigüidade.
Dúbia. Imprecisa.
Equivocada.
Que precisa se ver. Apalpar.
Refletir. Reconsiderar.
Encontrar um destino.
Sem mão dupla.
De mão única.
Onde dois somam um.
Um só.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 11/10/2007
Código do texto: T689688

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QUERES SABER?









Título: Balança
http://www.conpet.gov.br/artigos/fotos_artigo

Queres saber
o que o fiel
da balança faz?
Nada.
Só fica em cima do muro
a observar
pra onde irá o vento pender.

Assim é o político brasileiro.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735646

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PÔR-DO-SOL














Título: Pôr-do-Sol - Praia do Centro
Rio das Ostras - RJ - Brasil
Fotografia cedida por Eduardo Moura

Cai o sol vermelho
Dentro da água do mar agitado
Todos aplaudem
Esse espetáculo.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735642

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SEREIA




















Título: Sereia
Belo dia.
Sol a pino.
Quente.
Escaldante.
Insinuante.
O Corpo Suado.
Belo.
Musculoso.
Sensual.
A areia
da praia
mais brilha.
A água do mar
mais se agita.
A lua
até dá uma espiadela.
As gaivotas
estão a planar
Nem vento há no ar.
Todos alertas.
Atentos.
O mundo conspira.
Ouve-se
um canto bem longe.
O Corpo Suado
mergulha
nas águas ariscas,
geladas do mar.
Nada.
Vai pra longe. Muito longe,
Como se algo estivessse a chamá-lo.
Desaparece. Some.
Não volta.
O sol cai.
Nenhum sinal.
O Corpo Suado
Belo.
Musculoso.
Sensual.
Fugiu com uma Sereia,
hipnotizado pelo seu canto
e foi pra águas profundas
se esconder lá.
Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735647

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