sexta-feira, 19 de outubro de 2007

LUA
















Nascer da Lua


Sombra prateante
a iluminar os caminhos.
Crescente.
Dos amantes
que sobre o teu colo tecem juras,
embalam seu amor.
Minguante.
Dos solitários
que por detrás da tua sombra
se escondem
para não serem avistados.
Nova.
Dos mares,
das cachoeiras
que no terreiro do teu clarão
salvam a todos os Orixás.
Cheia.
Dos bêbedos
que no fio da tua sombra
andam a se equilibrar.

Dos poetas,
de quem nunca se esconde.
És a amante.
A rainha.
A musa.
A mulher.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 16/10/2007
Código do texto: T696147

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LÍNGUA

Ato de ouvir.
De sentir. Apalpar.
De falar.
Ato abstrato.
Concreto na palavra,
na sílaba,
na entonação,
no balbuciar.
Ato culto. Enciclopédico.
Para alguns
que tentam aprisioná-la em Compêndios. Em Museus.
Regrada por minoria.
Falada por poucos.
Ato vivo.
O cerne.
O verbo.
O que nasce todo dia.
Desnuda as culturas.
De um povoado.
Um povo.
Uma comunidade.
Da massa.
De uns Brasis.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 16/10/2007
Código do texto: T696726

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VERDE

Água.
Do mar.
Terra habitada por Deuses,
nossos deuses,
gregos e africanos.
E mistérios
que povoam a nossa imaginação.
Bandeira.
De nossas verdes matas.
Destruídas.
Maltratadas.
Que, ainda, nos permite abrigar
nossas Culturas,
nossos Folclores,
nossas Lendas,
nossos Segredos,
nossos Pajés,
nossa Fauna e Flora,
nosso Povo,
dentro de ti,
acalentando-os em teu colo materno.
Enquanto o Caipora
anda por aí a espreitar
buscando o momento
de te destruir, de te ceifar.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 17/10/2007
Código do texto: T697851

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REFLEXO













Sobreposição de Imagens
Foto cedida por Eduardo Antônio de Moura


Olho-me,
em todos os espelhos da casa.
Reflito-me.
Espanto-me.
Não é a minha figura a se revelar.
Quem será?
Talvez,algum espectro tenha se apoderado de mim.
Ou, estou dormindo?
Um pesadelo.
Será que colocaram algo no meu drinque no bar?
Sinto-me estranho.
Ou, estou, eu mesmo, a me drograr?
Estou vendo alucinações.
Ou, será que o tempo passou
e não quero me conformar,
com o meu reflexo no espelho,
a me desvelar.

Edilmar Amaral


Publicado no Recanto das Letras em 19/10/2007
Código do texto: T700646

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